Exercício físico para hipertensos

Como praticar a atividade física correta pode auxiliar ou prejudicar a saúde, principalmente para os hipertensos

Prof.Dr.Marcos_Polito

Pauta: Ana Carolina Felipe Contato
Reportagem: Guilherme Popolin
Edição: Kauana Neves

A hipertensão, popularmente conhecida como pressão alta, é um mal que atinge 30 milhões de brasileiros, cerca de 15% da população, segundo dados do Ministério da Saúde. Na tentativa de encontrar formas para reduzir essas estatísticas, o professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Marcos Doederlein Polito, graduado em Educação Física pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre e doutor pela Universidade Gama Filho (UGF), realiza o projeto intitulado: “Comportamento da pressão arterial em indivíduos saudáveis e hipertensos após sessões de exercícios aeróbicos e com pesos”. Na UEL, desde 2007, as pesquisas são feitas através de seu grupo, chamado GECardio (Grupo de Estudo e Pesquisa em Respostas Cardiovasculares e Exercício), que engloba alunos de graduação e mestrado.

Segundo Polito, a literatura científica ainda possui algumas lacunas no que diz respeito às questões cardiovasculares, como um estudo mais aprofundado sobre quais os tipos de atividades que devem ser recomendadas para hipertensos (pressão elevada) e normotensos (pressão normal).

O estudo proposto no projeto é aplicado sobre dois grupos, com quarenta pessoas cada, o dos hipertensos e o dos normotensos, que recebem quatro protocolos de exercícios: exercícios com pesos, aeróbios (ligados ao movimento e à energia proporcionada pelo uso do oxigênio), com peso seguido do aeróbio e aeróbio seguido de peso. De acordo com Polito, os estudos com os normotensos, em fase de finalização, vêm mostrando que ambos os exercícios são benéficos para a redução da pressão arterial. Para os hipertensos, explica que, “a princípio está mostrando que tem diferença, sendo o aeróbio mais benéfico, mas ainda precisamos concluir o trabalho”.

Os grupos são formados por pessoas de ambos os sexos, que após a divulgação do projeto de pesquisa se inscreveram. Somente mulheres hipertensas e homens normotensos fazem parte do estudo, e sobre isso, Marcos Polito admite que, “o ideal seria trabalhar com grupos de homens e mulheres, porque podem aparecer diferenças no comportamento de pressão arterial, mas no momento a nós trabalhamos com aquelas pessoas que conseguimos captar”.

Algumas vezes, atividades físicas podem elevar a pressão arterial, e sobre isso, o professor comenta sobre os cuidados durante a pesquisa, “o exercício só vai ser prejudicial durante a sua realização. Algumas atividades, como a musculação, aumentam a pressão arterial e nós tentamos adequar a quantidade de peso a cada pessoa”.

Segundo Polito, realizar a atividade física adequada auxilia na diminuição da pressão, e ainda possibilita o controle de outros fatores, como: a quantidade de açúcar e gordura no sangue, evitando a diabetes e o colesterol.”Isso faz com que a saúde daquela pessoa se torne um pouco melhor, não somente reduzindo a pressão arterial, mas melhorando a qualidade de vida”, explica.
Para evitar danos à saúde, as pessoas deveriam procurar um médico antes de iniciar qualquer atividade física, porém, a maioria não possui essa consciência, e sobre isso, Polito afirma que é uma questão cultural que será modificada em longo prazo com a conscientização da população. “As estratégias, como o esclarecimento da população, têm que ser tomadas agora para que daqui há alguns anos a situação mude”, explica.

De acordo com o professor, atividades físicas realizadas com uma alimentação adequada são imprescindíveis para a obtenção de bons resultados. “O ideal é que as pessoas evitassem alimentos fritos, os naturalmente gordurosos, como manteiga e a gordura da carne, e os muito salgados, pois o sal está diretamente ligado à hipertensão”, esclarece. Para Polito, uma modificação alimentar seria necessária, porém essa mudança encontra empecilhos culturais, e toma como exemplo a dificuldade de mudar os hábitos alimentares de pessoas mais velhas, “a chance de uma pessoa com 50 anos mudar seus costumes é pequena, a probabilidade de não continuar fazendo o tratamento é muito alta, tendo uma grande chance de desistir”.

Somente 6,5% dos hipertensos que tratam a doença conseguem reduzir, mesmo que pouco, os níveis da pressão. Isso acontece por causa de vários fatores, como explica o professor, “no Brasil existe uma dificuldade de assistência médica, pois nem todas as pessoas possuem plano de saúde, e o serviço público às vezes não é eficiente em todos os lugares”. Polito completa, ressaltando que a falta de acompanhamento médico também se dá porque muitas pessoas desconhecem que são hipertensas, não sentindo sintoma algum. Para as que têm o diagnóstico, afirma que, “tomar a medicação, modificar alguns hábitos de vida, como praticar atividades físicas, controlar a alimentação e manter um peso saudável são medidas importantes”.

Para o professor, todas as pessoas deveriam passar por uma avaliação médica antes de iniciar a prática de exercícios, contudo, principalmente, os jovens não dão à saúde sua devida importância, “a pessoa jovem provavelmente não tem nenhum tipo de sintoma, de sinal, se sentindo muito bem, então, ela julga ser desnecessário um exame médico”. Polito também explica que muitas vezes os problemas de saúde podem estar mascarados, prejudicando ainda mais o organismo com a realização de atividades inadequadas.

*O site da Sociedade Brasileira de Cardiologia (www.cardiol.br) fornece informações para o público leigo e para os profissionais.

1 Responses to Exercício físico para hipertensos

  1. Carlos Borsali disse:

    Grande Polito, aparece depois lá no Everest de Inhaúma pra gente debater sobre Cineantropometria. A propósito, estou em Goiás. Virei treinador de goleiros da equipe principal. Abraços – carlosborsali@hotmail.com

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