Projeto de mestrado em química melhora características de cascas de frutas para que possam servir como adsorventes naturais, adquirindo uma utilidade ambiental
Pauta: Ana Carolina Contato
Repórter: Juliana Mastelini
Edição: Beatriz Assumpção e Fernanda Cavassana
O trabalho intitulado “Estudo e Desenvolvimento de Biossorventes para Metais Pesados” examina as propriedades de frutas para a adsorção dos metais cobre, cádmio e chumbo em soluções aquosas. Metais pesados são aqueles que apresentam efeitos adversos à saúde humana e o processo de adsorção é a utilização de um sólido para reter substâncias diluídas em água. O trabalho é desenvolvido pela bióloga mestranda do programa desenvolvido pelo Departamento de Química e professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Talita Caretta. Seu orientador no projeto é o professor Antônio Alfaya, graduado em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutor pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A entrevista foi realizada com o professor Antônio Alfaya.
“O trabalho segue uma tendência mundial de busca de adsorventes naturais, ou biossorventes”, assegura Antônio Alfaya. Segundo o professor, trabalha-se com materiais baratos e que geralmente são descartados, dando um valor agregado para que possam resolver um problema ambiental: a contaminação das águas por metais pesados. “A pesquisa melhora características das cascas das frutas para que possam servir como adsorventes”, completa. Segundo ele, o objetivo do projeto é transformar as cascas em uma farinha que concentre os poluentes de grandes volumes em pequenas quantidades de água. Assim, diminui-se o volume da poluição, podendo fazer o tratamento de forma mais eficiente. “O tratamento de concentrações de metais pesados diluídas em grandes volumes é muito caro”, afirma.
Segundo Alfaya, “as indústrias geram esses poluentes, mas devido ao preço e por não se sentirem fiscalizadas, não usam adsorventes e descartam de forma irregular os materiais sem fazer o tratamento adequado. Hoje temos bons adsorventes sintéticos, mas são muito caros”.
O projeto, afirma o professor, pretende desenvolver um adsorvente de metais pesados com custo reduzido para que os industriais se interessem pela utilização do produto e não lancem os poluentes no meio ambiente. “O primeiro objetivo da pesquisa é ambiental, pois os adsorventes contribuem para diminuir a poluição, e tecnológico porque busca que a indústria implante o método sem resistência”, completa.
“No projeto, trabalhamos com três tipos de metais pesados que são os materiais mais comuns na nossa região por causa das empresas de baterias, o cobre, o cádmio e o chumbo”, conta Alfaya. Segundo o professor, os metais pesados acarretam riscos específicos nos seres vivos e os mais perigosos são o chumbo, o cádmio e o mercúrio. “O chumbo, por exemplo, acarreta problemas no sistema nervoso”, afirma o professor.
Talita Caretta participa da linha de pesquisa de desenvolvimento de novos materiais para aplicações ambientais e/ou tecnológicas do Grupo de Estudo de Novos Materiais (GENM) da UEL, CNPq e Departamento de Química. Segundo Alfaya, como bióloga, o primeiro passo da mestranda foi levantar dados sobre as cascas de frutas que sobram das indústrias e quais seriam as mais interessantes para a linha de pesquisa escolhida. A partir das informações, o projeto foi elaborado e os estudos prosseguem com os materiais mais promissores na adsorção de metais pesados. “As expectativas são boas e os resultados preliminares são melhores do que o esperado”, afirma.
De acordo com o professor, o projeto será publicado em revista científica como critério do programa de pós-graduação. Junto com a mestranda Talita Caretta e o professor-orientador Antônio Alfaya, a aluna do segundo ano de Química da UEL, Camila Inagaki, trabalha no projeto como bolsista do Programa de Iniciação Científica (ProIC) do CNPq. A bolsa ProIC é um programa de apoio ao desenvolvimento da iniciação científica.