Edição 97

junho 28, 2010

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Autoconhecimento como forma de driblar o estresse

junho 28, 2010

Curso promovido pela PRORH e a Escola de Governo ajuda servidores estaduais a desenvolverem habilidades esse mal presente em nosso dia-a-dia

Edição: Beto Carlomagno
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Marcia Boroski

Para buscar um resultado melhor nas atividades realizadas dentro dos ambientes da Organização Pública, a Divisão de Acompanhamento e Treinamento da Pró-Reitoria de Recursos Humanos da Universidade Estadual de Londrina (UEL) junto com a Escola de Governo do Paraná, organizaram o curso “Resiliência: Uma Competência para Administrar o Stress”. O público do curso foram servidores do Estado que tiveram interesse em desenvolver a competência para melhorar o ambiente de trabalho. A psicóloga, Kátia Marcos Gomes, formada pelo Centro Universitário Filadélfia, ministrou o curso que durou quatro dias. A palestrante falou com o Conexão Ciência explicando o que é resiliência, quais temas e de que forma eles foram abordados no curso.

Conexão Ciência: O que é resiliência?
Kátia Gomes:
Resiliência é um conceito ainda em construção. O termo vem da física e nomeia o fenômeno de uma energia armazenada em determinado corpo que é desenvolvida quando cessa a tensão causadora, por exemplo, em uma deformação elástica. Trazendo para o mundo empresarial, resiliência é a capacidade de se recobrar, de adaptar-se às mudanças, às exigências do meio, de forma a enfrentar e superar as situações adversas presentes no cotidiano. Da visão comportamental, resiliência pode ser vista como uma competência a ser desenvolvida e melhorada.

Conexão Ciência: Quais temas foram tratados nos quatro dias de curso?
Kátia Gomes:
O principal tema tratado foi o autoconhecimento. É através dele que é possível desenvolver a resiliência. Saber como eu funciono é essencial para conhecer os recursos disponíveis dentro de si mesmo que serão usados para melhorar a interação com situações de estresse. Para isso, é usada a metodologia de vivência, que traz a tona situações vivenciadas que ajudam no autoconhecimento. Além disso, elas são estudadas ou discutidas, afim de que seja implantadas ações resilientes que levem a resultados melhores que os já obtidos. A discussão de casos também auxilia na hora de traçar caminhos para seguir após passar pelo treinamento.

Conexão Ciência: Como é possível lidar com o estresse por meio da resiliência?
Kátia Gomes:
Para conhecer o fenômeno, é preciso melhorar o autoconhecimento. Melhorando o autoconhecimento, o autocontrole também é desenvolvido. A partir disso, a causa do estresse passa a ser conhecida e isso proporciona um posicionamento melhor em relação a situações conflituosas, até mesmo para evitar situações de possível estresse. Além disso, esse conhecimento de si ensina também formas melhores de lidar com todas as emoções que estas situações causam. Desta forma, o nível de estresse fica sob controle. O indivíduo passa a olhar para a situação de forma diferente, e conferir-lhe outro significado.

Conexão Ciência: Normalmente situações de estresse acontecem quando dificuldades chegam próximo de limites suportáveis. Nesse sentido, adaptar-se a essas situações não seria prejudicial à saúde, porque o indivíduo se acostumaria a algo que é nocivo a ele?
Kátia Gomes:
Sim, por isso o limite é outro ponto essencial. Somente o próprio indivíduo pode identificar os seus limites. E é pela prática do autoconhecimento que o ser humano consegue conhece-los. Este é outro motivo dela ser tão importante. Entretanto, assim como os homens tem dificuldades para conhecerem a si mesmo, eles também não sabem quais são seus limites. A delimitação é invisível e ultrapassa-la é quase inevitável. Vivendo fora do limite, com grau e intensidade elevados, o estresse vira uma patologia.

Conexão Ciência: Como é possível aumentar as energias dos corpos humanos para enfrentar situações de estresse?
Kátia Gomes:
Primeiramente, identificar o que dá prazer. Lembrar que o trabalho faz parte da vida, e por isso, ter um posicionamento agradável dentro dele. O trabalho, assim como a maioria das coisas na vida, faz parte das escolhas, e isso tem que estar bem claro. Se não é uma escolha, tem que ficar claro o que se tem feito para mudar essa realidade, que não foi escolhida. A maturidade também é importante, e ela vem junto com o autoconhecimento. Já que se tem liberdade de escolha, faz todo o sentido saber exatamente o que você quer e precisa, para então pode escolher com mais clareza.

Conexão Ciência: Como as pessoas podem ter um comportamento resiliente nos problemas da vida, em geral?
Kátia Gomes:
É possível trabalhar o conceito de resiliência independente do lugar. Trabalha-se com o lado comportamental do ser humano, por isso, pode e deve ser levado para fora do ambiente de trabalho. A competência da resiliência deixa o indivíduo flexível ao ambiente. Saindo deste determinado ambiente, pode ser que ele não seja mais resiliente. O comportamento resiliente, então, vai depender das emoções despertadas por determinada situação. O conceito deve ser trabalhado em todos os lugares e circunstâncias. Existem histórias de vidas, fora do meio empresarial, as quais só deram certo por causa da resiliência. Seres resilientes têm mais autoestima e fortalecimento individual.


Dispositivos desenvolvidos por projeto do departamento de Arquitetura e Urbanismo testam formas de construção aliadas à sustentabilidade

junho 28, 2010

Laboratório criado para análise na área de arquitetura visa o bem estar do homem utilizando-se de recursos naturais

Edição: Beto Carlomagno
Pauta: Laura Almeida
Reportagem: Adam Sobral Escada

Objetivando a diminuição no consumo de energia, o melhor aproveitamento dos recursos da natureza e a melhoria da eficiência energética, a Professora Doutora Ana Virgínia Carvalhaes de Faria Sampaio que coordena o projeto “Conforto Ambiental e qualidade do ambiente construído” é graduada em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, é especializada em didática do ensino superior e em Arquitetura e Urbanismo também pela Mackenzie, possui mestrado pela mesma universidade também em Arquitetura e Urbanismo e é doutora pela Universidade de São Paulo (USP) também em Arquitetura e Urbanismo.

Segundo a doutora Ana Virginia Sampaio, o projeto surgiu da necessidade de aproveitar os recursos naturais do meio ambiente para projetar edificações com mais qualidade e conforto para os usuários. Ele também se preocupa na adequação dos projetos aos conceitos de sustentabilidade, e tem como objetivo economizar energia “O Conforto Ambiental é você fazer arquitetura para o homem que é usuário dessa edificação, que você está construindo, se sentir bem e você ter a preocupação com os recursos naturais.” afirma.

Com a verba da fundação Araucária a coordenadora do projeto montou o LACO, Laboratório de Conforto Ambiental. Segundo a professora, o LACO objetiva conscientizar profissionais de Arquitetura sobre a importância dos conceitos de sustentabilidade, conforto ambiental, qualidade e funcionalidade dos ambientes na elaboração dos projetos. “A idéia é que o aluno que está no projeto traga aqui a maquete e que ele tenha consciência de fazer projetos mais sustentáveis. Levando mais em consideração os elementos da natureza que seriam o sol, a luz e o vento” afirma a doutora Ana Virgínia Sampaio.

O laboratório foi criado para pesquisas na área de arquitetura e que procuram utilização dos recursos naturais nos edifícios. Ele possui três simuladores. O Heliodon, simulador de sol que simula a insolação. Os alunos que estão no projeto constroem uma maquete em tamanho reduzido, levam para esse equipamento e por meio da luz criada por lâmpadas, eles têm exatamente a posição do sol em todas as épocas do ano, em todos os horários do dia. “Eles vêem como vai bater o sol, se o sol vai incidir se vai ficar muito quente, se vai bater o sol da tarde, como faz para proteger essa fachada, o melhor local para por uma piscina, se um edifício vai fazer sombra ou não vai. Tudo isso eles conseguem simular neste equipamento”, explica a professora.

No segundo simulador, a luz natural é testada em uma caixa de espelhos, um simulador que demonstra a incidência da luz no interior da maquete “É como se fosse um dia que não está batendo sol, mas está entrando luz. Essa quantidade de luz eu consigo simular lá”, exemplifica a coordenadora. Ela ainda explica o funcionamento do último simulador “No túnel de vento, o simulador verifica a ventilação que incide na edificação, por meio de fumaça produzida por uma extremidade do simulador. Na outra extremidade existe um exaustor que direciona a fumaça para fora do equipamento”.

O projeto, que teve início em 2007, tem previsão para encerrar em setembro deste ano, mas ainda faltam coisas a fazer. “O simuladores já foram feitos. Para encerrar queremos fazer a simulação e fazer uma proposta para projetos futuros. A idéia seria tirar algum proveito para a universidade em pesquisa”, conclui a doutora Ana Virgínia Sampaio.


Fobia social é tema de projeto desenvolvido pelo departamento de Psicologia Geral da UEL

junho 28, 2010

Iniciativa realiza tratamento psicológico em pessoas que sofrem do transtorno

Edição: Beto Carlomagno
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Lucas Marcondes

Medo de escrever ou falar em público, receio em dirigir se está sendo observado, dificuldade extrema em encarar pessoas diretamente nos olhos. Essas situações podem ser descritas como características de quem sofre do transtorno de ansiedade social, que também se manifesta em atitudes como sentir-se incomodado ao ser fotografado ou filmado e evitar cantar ou tocar um instrumento musical em público. A escalada da fobia em meio à população jovem fez com que um projeto relacionado ao tema, chamado “Desenvolvimento de comportamentos alternativos para adolescentes e adultos jovens com transtorno de ansiedade social”, fosse desenvolvido pelo Departamento de Psicologia Geral do Centro de Ciência Biológicas (CCB), na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Psicóloga formada pela UEL (e docente da instituição), mestre em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP) e doutoranda em Neuropsicologia Clínica pela Universidade Salamanca (Espanha), a professora Josiane Cecília coordena o projeto. O objetivo da iniciativa é oferecer o auxílio psicológico necessário a adolescentes e jovens que são prejudicados pela fobia social. De acordo com Josiane Cecília, o que distingue a timidez ‘comum’ da fobia social é que a última causa reações fisiológicas na pessoa, tais como “transpiração excessiva, tremedeira e espasmos musculares”, explica a Professora. Segundo ela, os indivíduos que sofrem com essa ‘dificuldade’ (é o termo que a docente prefere usar para nomear o distúrbio), “fazem o maior esforço para não sair de casa, evitam, a todo tempo, entrar em contato com outras pessoas”.

A pesquisadora indica que a fobia social geralmente se desenvolve durante a adolescência, fase marcada por mudanças impactantes na vida do ser humano. Sendo assim, o trabalho desenvolvido pela professora Josiane Cecília e sua equipe de alunos de Psicologia visa fornecer ajuda à população jovem, mas isso não impede que pacientes mais velhos participem do projeto. “Temos uma paciente de 42 anos com problemas de sociabilidade desde a infância”, indica a psicóloga. De acordo com Josiane, essa mesma paciente ainda precisa ir ao dentista acompanhada dos pais, pois não consegue ficar na sala de espera com pessoas nunca vistas por ela. “A demanda social valoriza pessoas carismáticas, que conseguem se comunicar com facilidade”, aponta Josiane Cecília. Para ela, esse fator traz ainda mais obstáculos para o fóbico social, que, embora possua grande receio em entrar em contato com outras pessoas, sabe que a atitude tomada por ele não é das mais indicadas.

O tratamento para o transtorno é, como diz a professora Josiane Cecília, “de pouca complexidade, porém exige tempo: de oito meses a um ano, conforme a situação de cada paciente”. A psicóloga explica que o processo de tratamento é composto por terapias em grupo, técnicas de relaxamento e simulação de situações sociais, todos esses buscam desenvolver no indivíduo a capacidade de expressar opiniões e ter atitudes próprias. Segundo ela, os resultados são satisfatórios (já existem planos para expandir o projeto para a orientação de professores em contato com alunos fóbicos sociais). Porém, a professora faz um alerta de que, em casos mais graves, recomenda-se o acompanhamento psiquiátrico e, se necessário, o uso de medicamentos. Entretanto, a psicóloga esclarece que essa gravidade (que pode culminar em casos de síndrome do pânico, depressão profunda e tentativas de suicídio) pode ser evitada com êxito graças a um acompanhamento psicológico antecipado e consistente.

Mais informações sobre fobia social acesse:

http://www.psicosite.com.br/tra/ans/anssocial.htm

créditos imagem: http://claudiaagramonte.blogspot.com


Programa do HC busca prevenir problemas causados pelo cigarro

junho 28, 2010

O Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo é uma adaptação do programa nacional elaborado pelo Instituto Nacional do Câncer

Edição: Beto Carlomagno
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Juliana Mastelini

Segundo pesquisa da economista Márcia Pinto, o SUS gasta pelo menos R$ 338,6 milhões de reais por ano com tratamento de doenças relacionadas ao fumo*. “Por isso, para o governo, é melhor prevenir do que tratar as consequências do cigarro”, explica Héber Odebrecht Vargas, professor assistente da Universidade Estadual de Londrina (UEL), graduado em Medicina e mestre em Medicina e Ciências da Saúde pela UEL. Com o objetivo de prevenir doenças relacionadas ao fumo, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) coordena o chamado “Programa de Controle ao Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer”, que busca reduzir a incidência de doenças e mortalidade causadas pelo tabaco através de ações que estimulam estilos de vida saudáveis.

O Hospital das Clínicas (HC) desenvolveu uma adaptação do programa nacional com o Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo (CRATT).  A diferença entre o programa nacional e o desenvolvido no HC é que este trabalha com enfoque na parte psíquica do paciente, explica Vargas. “Isso é fundamental pois analisa o indivíduo como um todo, na sua totalidade. O tabaco, por exemplo, pode ser a porta de entrada para outro diagnóstico mais complexo”, declarou.

A equipe do programa é formada por vários profissionais, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais, já que os problemas causados pelo cigarro envolvem outras questões, “quando o paciente para de fumar, por exemplo, pode engordar e isso causa resistência, por isso trabalhamos com a nutrição também”, explica Vargas.

O centro existe há cinco anos e já atendeu cerca de 340 pessoas. Segundo a enfermeira e coordenadora do centro, a professora Márcia Regina Pizzo de Castro, mestre em Medicina e Ciências da Saúde, estudos realizados em 2008 mostram que 42% das pessoas que participam do tratamento do HC param de fumar até a quarta seção. Segundo a enfermeira, os pacientes atendidos no programa têm em média 45 anos e são em sua maioria mulheres.

Os encontros são semanais e em grupo. “Em grupo, um ajuda o outro, trocam experiências. Mesmo depois que param de fumar, continuam vindo às reuniões para animar os outros”, conta a professora Márcia Castro.

O tratamento dura um ano e o primeiro passo é a avaliação clínica, que traça o perfil do fumante. “Essa avaliação vai nortear todo o trabalho posterior, pois vai mostrar as questões envolvidas com o tabagismo”, diz a enfermeira.

A residente em Psiquiatria e participante do programa Amanda Minikowski fala que o grupo quer mostrar que o tratamento contra o tabaco é sério e que o tabagismo não é fruto da falta de vontade. “O tabagismo é uma doença que precisa ser tratada”, completa a residente.

Amanda Minikowski conta que os fumantes se incomodam quando percebem que necessitam do cigarro, “eles não fumam porque isso lhes dá prazer, mas porque são dependentes.” A residente explica que os fumantes associam o ato de fumar com certas atitudes do dia-a-dia como tomar café, então toda vez que tomam café, por exemplo, sentem vontade de fumar.

O programa atende a comunidade interna e externa da UEL e trabalha com grupos de 15 a 20 pessoas. De três em três meses um novo grupo inicia o trabalho. Os interessados podem ligar para a Divisão de Assistência à Saúde da Comunidade (DASC) pelos telefones 3371-5807 ou 3371-5808 e pedir para que o nome seja incluído na lista de espera. Quando tiver vaga, os profissionais CRATT convidam para a reunião.

*http://www.inca.gov.br/revistaredecancer/revista_rede_cancer_5/entrevista.pdf

créditos imagem: Google Imagens/G1


Edição 96

junho 22, 2010

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Projeto analisa a inclusão de deficientes visuais na prática esportiva

junho 21, 2010

As aulas escolares de Educação Física com presença de deficientes visuais são tema de pesquisa da UEL

Edição: Fernanda Cavassana
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Paola Moraes

O processo de inclusão de alunos portadores de qualquer deficiência no ensino regular, público e privado, incentivado pelo Governo Federal há alguns anos despertou a atenção do professor universitário com interesse no ensino especial. O professor Nilton Munhoz Gomes, formado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Educação do Portador de Deficiência Mental (UEL), mestre em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desenvolve desde 2008, um projeto de pesquisa que visa a inclusão de crianças de 1ª a 8ª séries com deficiências visuais nas aulas de Educação Física. O doutor explicou, em entrevista ao Conexão Ciência, como funciona o projeto, o que se obteve até agora e quais são as expectativas para a continuidade do estudo.

Conexão Ciência: Como funciona o projeto?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: Primeiramente, nós estamos estudando no projeto, a inclusão do aluno com deficiência visual na escola regular. No ano passado, trabalhamos com alunos de primeira a quarta serie e este ano estamos com alunos de quinta à oitava series, até verificar a diferença na idade quanto à aceitação desse aluno com deficiência visual. O trabalho é dividido em quatro vertentes: a observação das aulas de Educação Física, como o professor se vê para preparar uma boa aula para esse aluno, como o aluno se percebe nas aulas de Educação Física e com o aluno sem deficiência encara essa inclusão. A intenção é que depois disso, venhamos a trabalhar com outros tipos de deficiência, como a mental, auditiva e física. Então seria um estudo de como está acontecendo esse processo de aceitação do aluno deficiente em escola pública.

Conexão Ciência: Ao ir para as escolas, vocês detectaram a presença de materiais adequados ou uso de metodologia de ensino direcionada a esses alunos?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: Considerando que a Educação Física possui apenas um espaço especifico para as aulas, que é a quadra, nós não teríamos esse material. Mas em conversas informais com professores que trabalham com alunos com deficiência visual, nós percebemos que alguns têm uma preocupação maior em fazer adaptações a esses alunos. O professor que possui um aluno com baixa visão ou cego tem algumas preocupações em sua aula sobre como ajudar o aluno. Por exemplo: utilizando pneus pintados com cores fortes para que o aluno com baixa visão consiga diferenciar o objeto. Muitos professores fazem pequenas adaptações dentro de suas condições: utilizando a ajuda de outro aluno, envolvendo a bola com uma sacola plástica para que o aluno se situe pela audição. Por outro lado, há professores que deixam o aluno fazendo trabalhos teóricos ou assistindo a aula.

Conexão Ciência: Os professores de Educação Física se sentem desqualificados para lidar com alunos portadores de deficiência?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: A maioria deles aponta alguns problemas, como a falta de capacitação, que é o mais evidente. Muitos se formaram há muito tempo e não tiveram uma disciplina que abrangesse esse tema ou não tiveram oportunidades de participar de cursos nessa área. Um lado bom é que poucos docentes têm preconceito com esse aluno. Muitos têm uma pré-disposição. Ou seja, se for ofertado um curso, se ele tem interesse, se ele possui um aluno especial, ele se preocupa em trazê-lo ao convívio com os demais.

Conexão Ciência: Hoje, há uma disciplina voltada a esse estudo dentro do curso de Educação Física?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: No curso de Licenciatura em Educação Física da UEL, há uma disciplina semestral e outra anual que trabalham com questões da educação especial. Primeiro, é realizado um estudo dos conceitos e pré-conceitos dessas deficiências, depois, estuda-se a inclusão desses alunos. Além disso, há um estágio obrigatório em educação especial, no qual o aluno pode escolher com qual tipo de deficiência ele trabalhará.

Conexão Ciência: Como o aluno com deficiência visual se sente ao ser incluído?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: Se o aluno tem uma boa aceitação de sua condição, ele consegue ser incluído mais facilmente. Os alunos super-protegidos ou com sentimentos de auto-piedade não são incluídos tranquilamente. Nós percebemos que os alunos de 1ª a 4ª séries são mais receptivos, chegando até mesmo a discutir sobre quem vai auxiliar o outro amiguinho na aula. Já nos alunos de 5ª a 8ª séries, nós imaginamos, pois ainda não analisamos esses alunos, que seja mais difícil de ocorrer essas aceitação, porque os demais alunos são competitivos e tendem a deixar o aluno com deficiência de lado nas aulas com desportos.

Conexão Ciência: Em sua opinião, quais são os ganhos na inclusão, tanto para os alunos com deficiência quanto para os alunos sem deficiência?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: Nós temos um discurso que está vencido: a inclusão é ótima pro deficiente. Precisamos entender que a inclusão é ótima para ambos os lados. Claro que para o individuo com deficiência é bom, pois ele está com pessoas da mesma idade, num ambiente comum, mas o individuo sem deficiência também ganha muito, por exemplo, se colocarmos uma criança de seis anos com um colega surdo, em um curto espaço de tempo, o aluno sem deficiência desenvolverá meios de se comunicar com o detentor de deficiência. É uma relação de troca, o individuo portador de deficiência ganha em convívio e o sem deficiência, em aprendizado. Daqui alguns anos, talvez 20 ou 30, teremos adultos que conviveram, quando crianças, com deficientes e dessa forma, teremos uma sociedade menos preconceituosa.

Conexão Ciência: E para os professores?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: Muitos professores sinalizam que tinham medo de machucar o aluno ao incluí-lo nas aulas, viam-no como incapaz de agir e mudaram essas concepções com a inclusão. Viram que é possível trazer esse aluno para as aulas com algumas adaptações.

Conexão Ciência: Trocar a prática de esportes, como handebol e basquete para ginástica, ajudaria a incluir o aluno com deficiência visual?

Profº Dr. Nilton Munhoz Gomes: Acho que nós não necessitaríamos mudar o conteúdo pensando nesse aluno, desde que pensemos como incluir o aluno naquela prática. Não interessa o conteúdo,mas sim o respeito do professor ao à deficiência do aluno.


Projeto do departamento de Ciências Sociais analisa os movimentos sociais que lutam por moradia

junho 21, 2010

“Com as políticas neoliberais se agravou a questão do desemprego e em conseqüência aumentou o déficit de moradia”, afirma o cientista político Eliel Ribeiro Machado

Edição: Fernanda Cavassana
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Beatriz Bevilaqua

Segundo o Ministério das Cidades, o novo indicador do déficit habitacional brasileiro é estimado em 5,8 milhões de domicílios, dos quais 82% estão localizados nas áreas urbanas. As principais áreas metropolitanas do país abrigam 1,6 milhão de domicílios representando 27% das carências habitacionais do país.

A falta de moradia é um problema crônico nas grandes cidades. Segundo dados do IBGE, mais de 80% dos municípios nacionais têm cadastros de famílias interessadas em programas habitacionais. Nos anos 90, movimentos sociais se organizaram em torno da questão do acesso à habitação. Com o foco nessa área,  o professor doutor Eliel Ribeiro Machado orienta o projeto de pesquisa “Organização política e composição social dos sem teto em São Paulo”, desenvolvido pela estudante de Ciências Sociais Taynara Freitas Batista de souza.

O doutor Eliel Ribeiro Machado é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e Doutor em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, e explica que  a pesquisa se preocupa em mostrar como movimentos sociais ( como os Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto e o Movimento Sem Teto do Centro) se organizam. Por exemplo: as bandeiras em torno das quais se agrupam, seus líderes, o modo como são tomadas as decisões, os significados das suas ações e os objetivos das pessoas que estão no movimento. “O projeto não trata somente da questão habitacional” acrescenta.

Dados do Atlas Fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de 2006 revelam a concentração de terra no Brasil. De acordo com o Atlas, cerca de 3% do total das propriedades rurais do país são latifúndios, ou seja, possuem mais de mil hectares e ocupam 56,7% das terras agriculturáveis.

Para o professor Doutor Eliel Ribeiro Machado, a migração em massa dos trabalhadores do campo para as cidades foi conseqüência de políticas de concentração de terra adotadas no país nos anos 60 e 70. O doutor também faz crítica às políticas neoliberais. “Com as políticas neoliberais, agravou-se a questão do desemprego e, em conseqüência, aumentou o déficit de moradia”, afirma.

Com tanta desigualdade social e discrepância fundiária, surgem movimentos de luta por moradia e de resistências às políticas neoliberais favoráveis à acumulação do capital, é o que revela o projeto da discente Taynara Freitas Batista de Souza.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu, no final da década de 90, com o compromisso de lutar, ao lado dos excluídos urbanos, contra a lógica perversa das metrópoles brasileiras: sobram terra e habitações, falta moradia.

Um dos movimentos que Taynara de Souza pesquisa é uma espécie de braço urbano do MST, já que eles têm muita proximidade política ideológica. O método de pesquisa que a estudante se baseia é por meio de autores que contribuem para o entendimento do processo de urbanização capitalista e das formas de organização das classes trabalhadoras. Alguns dos autores que ela se baseia são Décio Saes, George Rudé, Friedrich Engels, Antonio Gramsci, Rosa Luxemburgo e Lênin.

Além disso, a pesquisadora também utiliza material disponível em monografias, artigos científicos, teses, dissertações, sites da internet de diversos movimentos urbanos e entrevistas de lideranças, militantes comuns e a base dessas organizações.


Uma vida melhor por meio do Esporte

junho 21, 2010

Parceria entre o Centro de Educação Física e Esporte da UEL e o Hospital Universitário faz diferença na vida de pessoas vítimas de paraplegia por lesão medular

Créditos: Ananda Ribeiro

Edição: Fernanda Cavassana

Pauta e Reportagem: Ananda Ribeiro

O projeto de pesquisa O Esporte na Saúde e na Qualidade de Vida de Pessoas com Paraplegia por Lesão Medular teve início em novembro de 2007. Coordenado pela professora doutora Rosângela Marques Busto, formada em Educação Física e especialista em Educação Especial pela UEL e mestre e doutora em Educação pela Universidade Extremadura – Espanha, o projeto visa avaliar os benefícios da prática esportiva sistematizada na saúde e na qualidade de vida de pessoas com paraplegia por lesão medular.

Em 2006, o professor Fausto Orsi Medola, fisioterapeuta e especialista em Fisioterapia Neurofuncional pela UEL, teve a idéia de desenvolver um projeto que integrasse o departamento de Ciências do Esporte da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e os pacientes de fisioterapia do Hospital Universitário (HU), vítimas de paraplegia por lesão medular. No início, a convite de Medola, a professora Rosângela Busto realizou uma pesquisa com os pacientes do HU por meio de questionários e os convidou para irem até a UEL. Na Universidade, eles tiveram contato com seis modalidades esportivas: atletismo, basquete, halterofilismo, natação, tênis de campo e tênis de mesa, todas adaptadas para pessoas com paraplegia.

Entre todas essas modalidades propostas, a maior parte dos pacientes optou pelo basquete em cadeira de rodas. “Eles já vinham de um atendimento individual e esta modalidade permite um contato maior com outras pessoas”, acredita a professora.

Cerca de 50 pessoas, em idades entre 19 e 50 anos, já passaram pelo projeto e atualmente são atendidos aproximadamente 20.  Os estudos são feitos por meio de avaliaçãoantropométrica, método utilizado para medir partes do corpo, testes motores relacionados à saúde, exames laboratoriais, avaliação cardiorrespiratória e questionário de qualidade de vida. Segundo a coordenadora, pode-se observar entre outros resultados, melhora na resistência respiratória dos participantes, mais agilidade e força nos membros superiores.Mas, o que ela considera mais significativo é a melhora da auto-estima e da autonomia de cada um. “Quando você se sente um paciente, você se sente doente. Mas como atleta,volta a sonhar”, afirmou Rosângela Busto.

“Minha vida mudou totalmente”, disse Wesley Alves de Almeida, 23 anos, que participa do projeto desde o final do ano passado. Wesley mora em Rolândia – PR e contou que o basquete tem o ajudado muito a desenvolver sua autonomia e que agora está bem mais fácil fazer sua transferência da cadeira para o banco de um carro, por exemplo. Disse também que gosta muito dos treinos e que por ele jogaria todos os dias. Wesley, que antes passava a maior parte do tempo em casa, hoje participa até de campeonatos de basquete e não descarta a possibilidade de levar o esporte como profissão.

Alguns, dentre esses novos atletas, já participaram de campeonatos nacionais e estaduais. Outros que participam das modalidades de Halterofilismo e Atletismo, incluindo mulheres, recebem bolsas da Comissão Paraolímpica para treinar. Os treinos de basquete acontecem todas as terças e quintas, das 14h às 16 horas, no Centro de Educação Física e Esporte (CEFE) da UEL.


Funk e suas transformações sob uma análise histórica

junho 21, 2010

Projeto do departamento de História da UEL analisa historicamente o funk, suas características e a forma como é visto no Brasil

Edição: Fernanda Cavassana
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Isabella Sanches

Entender o funk por um referencial histórico, deixando de lado uma análise puramente sociológica e antropológica é o que busca a professora Silvia Cristina Martins de Souza, no projeto “Expressões do Funk”. O projeto busca entender a história do funk a partir de várias questões como, por exemplo, a forma como desde a década de 60 e 70 o movimento negro e outras manifestações culturais vêm sendo incorporados no Brasil. Um desses movimentos é o funk.

Silvia Cristina de Souza possui graduação em História pela Universidade Santa Úrsula, mestrado e doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas, e pós doutoramento pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é professora associada da UEL. Segundo a docente, o projeto é um trabalho orientado por ela que surgiu devido à observação de que o funk era muito trabalhado por sociólogos e antropólogos, mas não por historiadores.

A coordenadora do projeto destaca a capacidade do funk de criar uma identidade entre as pessoas. “Mesmo com todos os problemas que o funk tem, ele acaba criando um espaço de identidade para a juventude que vive basicamente nas favelas e nos subúrbios.” Ela diz não saber até onde a pesquisa vai conseguir chegar, mas que pretende analisar até os dias de hoje, onde há a associação dos bailes funk com a urgia, a violência e a sensualidade. No momento, o trabalho está focado nas décadas de 60 e 70. “Nos concentramos nessas décadas, na emergência do funk fora do país e como ele vai ser apropriado no Brasil”, explica.

Segundo a professora, o funk nasce em um momento de efervescência: das lutas pela libertação na África, dos movimentos feministas e gays, entre outros. Quando esse movimento musical chega ao Brasil, ele chega com uma característica mais dançante. “Nessa época ele era visto mais como um tipo de música dançante, que já possuía um elemento de sensualidade.” Silvia destaca ainda que as músicas ouvidas nessa época eram vindas de fora. “O que se ouvia eram os funks vindos de fora do país que as pessoas dançavam independente de entender o que dizia as letras, que já nessa época possuíam uma característica de protesto”, explica.

De acordo com a docente, é a partir da década de 80 que se passa a ter um tipo de funk que podemos chamar de brasileiro e que começa a ser mais veiculado pela mídia. Segundo Silvia, na década seguinte esse movimento musical vive seu auge. “É na década de 90 que o funk atinge o seu auge e é interessante analisar as letras que passam a ser produzidas. Por mais que as músicas tenham um duplo sentido, que para algumas pessoas parece muito agressivo, ela também tem uma lição de moral, que é a moral de cada comunidade”, ressalta.

A professora lembra que primeiramente o funk não possuía uma associação ao tráfico e violência, e que nesse sentido o arrastão ocorrido na praia do Rio de Janeiro em 1992 foi emblemático. “O arrastão foi associado às galeras funkeras que estavam supostamente descendo o morro para atacar a classe média no espaço público da praia. A partir desse momento, começou-se a associar o funk com a ideia de morro, tráfico e violência.” Segundo Silvia Cristina de Souza, com essa associação, começou um período de maior repressão e de cobrança para que o funk ficasse no subúrbio e no morro e não descesse à cidade. Essa cobrança teve seu ápice nos anos 90 e com o tempo, foi amainando.

A professora menciona que o projeto busca analisar a expressão do funk a partir de uma perspectiva de culturas. “Buscamos trabalhar com o hibridismo de cultura, com culturas que dialogam, sem fazer a separação exterior entre cultura erudita e cultura de massa, que não dá conta de explicar, por exemplo, como existem bailes funk também na Zona Sul”, afirma.

Por meio do projeto, Silva Cristina de Souza diz que “ficou clara a capacidade desse movimento musical em agregar pessoas em várias comunidades, várias galeras. É um espaço que dá voz para aquelas pessoas que vivem marginalizados, ou seja, que vivem excluídas da sociedade. O funk pensa a juventude negra que é colocada às margens da comunidade e como essa juventude dialoga com isso.” A doutora ressalta que hoje as letras não possuem o caráter político explícito da década de 60 e 70, mas que “agora esse protesto é feito em relação à política do cotidiano”.