Pesquisa estuda a utilização de vigas de madeira como reforço para pontes

Professor de Engenharia Civil da UEL propõe aumento de resistência de pontes de madeira com vigas armadas feitas de Pinus e Eucalipto

Foto-Camila -   httpwww.der.ro.gov.brmenorPauta: Ana Carolina Contato
Repórter: Camila Venceslau
Edição: Beatriz Assumpção
“No Brasil cerca de 1.600.000 km do sistema viário são de estradas, e deste total apenas 10% é pavimentado. Os 90% que sobram ainda são de estradas sem asfalto”, de acordo com o professor da UEL e doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo (USP), Everaldo Pletz.
As estradas asfaltadas contam com pontes feitas em concreto, que, segundo o professor da UEL, são mais resistentes. Já a parte que não tem pavimentação possui pontes em madeira, que muitas vezes não suportam cargas muito pesadas.
Pensando em solucionar parte dos problemas com as pontes em madeira, o pesquisador Everaldop Pletz juntamente com estudantes do curso de Engenharia Civil da Universidade implantou o projeto Estudo de Vigas de Madeira ” EVAM.
Pletz afirma que apesar de a maioria das pontes brasileiras serem em madeira e se localizarem em estradas secundárias, possuem um papel importante na economia do país. Desse modo, o objetivo do projeto é desenvolver alternativas para este tipo de ponte, viabilizando o processo econômico do país, com o uso de madeiras de reflorestamento.
O projeto que teve início em 2005 estudou primeiramente as vigas de madeira de Pinus Taeda e Eucalipito Citriodora. Para o professor, as madeiras destas espécies são de crescimento rápido e sua extração não afeta a natureza, desde que as árvores extraídas sejam substituídas por outras.
Para que a armação das pontes fique mais resistente, os participantes do EVAM propõem utilizar as vigas de Pinus e de Eucalipto armadas com barras de aço, o que aumenta a capacidade de suportar a passagem de caminhões com cargas pesadas.
Outra técnica apresentada pelo projeto é a fixação das vigas uma do lado da outra, juntamente com barras de aço. Este sistema também provoca um efeito cooperativo entre as vigas, o que aumenta seu potencial de sustentação.
O coordenador do projeto diz ainda, que o que influenciou na escolha dessas espécies, é que o Pinus Taeda é rejeitado pelas construtoras por ser mais leve. Apesar disso, possui muitas qualidades nas construções. “O Pinus é bastante leve e assimila bem os tratamentos de preservação da madeira. Por ser leve, ninguém imagina que pode ser utilizado para este fim. Por isso, estamos agregando valor a uma madeira que muitos desacreditam e que pode ser encontrada em grande quantidade no estado do Paraná”, completa. Segundo Pletz, o Eucalipito Citriodora é mais procurado, pois possui bastante resistência e por isso é mais utilizado em construções e grandes estruturas.
O professor ressalta também, que a madeira de reflorestamento possui propriedades diferentes da madeira de lei, que é a mais usada na confecção de pontes, por isso, a de reflorestamento precisa ser estudada em todas as suas possibilidades de uso para ser bem aproveitada.
O teor de umidade, por exemplo, é uma das características da madeira que deve ser analisada. A umidade influi na rigidez das peças de madeira, podendo causar sua degradação ao longo do tempo. Peças umidecidas demais podem ficar inchadas e se secas em excesso, sofrem retração. Para solucionar as variações que acontecem com a madeira, os pesquisadores utilizam o processo de compensação com o acréscimo de vigas no início das estruturas das pontes, para que caso aja a retração ou inchaço da madeira, estes efeitos sejam compensados sem prejudicar o potencial de cargas das pontes.
O projeto EVAM já está em fase de conclusão e apresentou resultados positivos até agora. “Constatamos a viabilidade do sistema. Uma técnica simples e que utiliza matéria prima de reflorestamento”, conclui o coordenador do projeto.
Após o término dos relatórios que marcam o encerramento do projeto, ele será apresentado às secretarias de agricultura das cidades, responsável pela construção de pontes de madeira em propriedades rurais.

 

Ano 6 – Edição 68 – 15/06/2009

 

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