Projeto de arquitetura atua em parceria com Igreja Católica

outubro 4, 2010

O projeto de extensão trabalha a ampliação da estrutura da paróquia do jardim Maria Lúcia

Um dos projetos desenvolvido pelos estudantes para construção da loggia da Igreja São Judas Tadeu

Edição: Tatiane Hirata

Pauta: Beatriz Pozzobon

Reportagem: Renan Cunha

Aplicar o conhecimento adquirido em sala de aula e no meio social é fundamental para todo acadêmico. A atuação prática das teorias retidas na universidade é uma forma do estudante se familiarizar com as dificuldades da sociedade, desenvolver métodos coerentes com sua formação e promover o bem comum. Por meio dos projetos de extensão, os alunos conhecem a realidade atuante fora do meio universitário e acrescentam experiência para seus currículos. Esses requisitos podem ser observados no projeto “Ampliação da Igreja São Judas Tadeu”, desenvolvido pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

O projeto, segundo o coordenador professor Dr. Antônio Carlos Zani*, é resultado da iniciativa da comunidade do jardim Maria Lúcia (bairro de Londrina) e do páraco da Igreja São Judas Tadeu, padre Antônio Cossari. De acordo com o professor, a comunidade da Igreja necessitava de um espaço maior para suas atividades e por isso solicitou o trabalho dos acadêmicos da UEL. Conforme o Dr. Antônio Zani, a ideia para ampliação da igreja consiste na inserção na estrutura já existente de uma loggia** (varanda frontal) e um espaço para queima de velas.

O trabalho, conforme informações do coordenador, está sendo realizado por estudantes do curso de Arquitetura e Engenharia Civil da UEL. Para a criação dos projetos, o professor revela que os estudantes tiveram que se inserir na realidade local para conhecer os diferentes aspectos da região, o que se torna um benefício para ambos. “Esta ponte criada entre o meio universitário e o popular é necessária e produtiva para que os estudantes percebam a realidade da qual farão parte quando forem trabalhar”, afirma o professor.

De acordo com Dr. Antônio Carlos Zani, os acadêmicos criaram três propostas para a ampliação da igreja e a construção do “veleiro”. Todas elas resultantes das pesquisas realizadas com a comunidade. Segundo o professor, a elaboração das propostas durou em torno de um ano e meio. Entre os benefícios proporcionados à comunidade católica da paróquia, o professor cita: “embora seja um projeto realizado por acadêmicos, é um projeto de qualidade que os beneficiará muito”.

O professor Antônio Carlos Zani explica também como funciona a participação dos alunos e dos docentes na elaboração dos trabalhos: “Há um professor responsável que distribui as tarefas entre os estudantes. A parte estrutural fica com os discentes de Engenharia Civil e a arquitetônica é de responsabilidade dos estudantes de Arquitetura”. Segundo o professor, a principal dificuldade encontrada para os trabalhos é o tempo. “Os estudantes têm pouco tempo para se dedicarem ao projeto, por conta das tarefas das disciplinas do curso, e isso acaba incorrendo em atrasos na obra”, lamenta.

O projeto “Ampliação da Igreja São Judas Tadeu” foi iniciado em fevereiro de 2009 e tem previsão de término para novembro deste ano. De acordo com o professor, embora a construção do “veleiro” também fizesse parte do projeto inicialmente, será construída agora somente a loggia, por decisão da comunidade da Igreja.

*Prof. Dr. Antônio Carlos Zani possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Farias Brito (1979), mestrado em Tecnologia do Ambiente Construído pela Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (São Carlos) (1989) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1998).


**Loggia é um elemento arquitetônico aberto inteiramente ou em um dos lados – como uma galeria ou pórtico – coberto e, normalmente, sustentado por colunas e arcos.

A loggia pode ser pervia, ou seja, transitável, ou apenas decorativa. Geralmente é térrea, mas também pode ser edificada no primeiro andar e, neste caso, se sobreposta à térrea, chama-se loggia dupla. Foi muito difundida na arquitetura italiana, sobretudo durante o século XVII. Fonte: Wikipedia

Créditos da imagem: Arquivo Pessoal


Profissionais da comunicação inovam em redes sociais

outubro 4, 2010

No mundo da web, pesquisa revela inovações dentro do twitter

Thais Módolo, aluna de Relações Públicas, pesquisa as inovações no trabalho dos profissionais de comunicação

Edição: Tatiane Hirata

Pauta: Beatriz Pozzobon

Reportagem: Cláudia Yukari Hirafuji

Sites de rede social são uma explosão em termos de popularidade. Alguns como Facebook, Twitter e Orkut entraram na lista anual divulgada pelo Google* dos sites que mais tiveram visitação. Essas redes estão em constante evolução e não param de crescer. O Brasil é líder em usuários. Só no Orkut os brasileiros correspondem a mais da metade de todos os cadastros**. O aumento da dependência das pessoas em relação às redes se encontra em vários segmentos. Na esfera empresarial os perfis passam a contar pontos na hora de um novo emprego. Na publicidade tornam-se muito úteis também. E, enfim, para os profissionais de comunicação o mundo virtual abre-se como um recurso imprescindível, uma ferramenta inovadora, útil e rápida. Segundo um levantamento da Hitwise***, as redes sociais são responsáveis por mais de 60% do tráfego na internet.

A estudante Thais Regina Módolo, que cursa o 3º ano de Comunicação Social-Relações Públicas na Universidade Estadual de Londrina (UEL), bolsista de Iniciação Científica da Universidade, trabalha no projeto “Recursos inovadores no trabalho dos profissionais de comunicação”, com a orientação da professora Dra. Maria Inês Tomaél, graduada em Biblioteconomia pela UEL, mestre em Educação pela UEL e doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Este projeto foi concluido em julho deste ano.

O estudo focava na maneira com que os profissionais de jornalismo e relações públicas estavam inovando na comunicação através das redes sociais. “Nós vimos que as pessoas estão usando mais o twitter (1) e inovando mais dentro dele” – afirma Thais Módolo – “esses profissionais costumam colocar, dentro desse meio, opiniões sobre algum acontecimento ou assunto, ou indicam algum artigo ou site. Segundo a estudante, essa rede faz com que as pessoas interajam, ou seja, quem escreve interage com quem lê. “Permite a formação de opiniões diferentes, pois o internauta não tem apenas uma fonte, ao contrário, possui um número vasto e diversificado de fontes para buscar informações. Assim, consegue obter a sua própria opinião e, ainda, escrevê-la no twitter”. A informação, conforme Thais Módolo, é disseminada melhor e mais rapidamente para mais pessoas. Proporcionando, portanto, mais acesso.

Os procedimentos metodológicos utilizados no estudo foram o mapeamento das atividades do profissional na internet e questionários aplicado a eles. De acordo com a graduanda, o mapeamento foi feito dentro da internet, com jornalistas e profissionais de relações públicas, em blogs, twitter, Orkut (2), facebook (3) e em outras redes. Feito o mapeamento, os dados eram colocados em uma tabela. Assim, depois da conversa com os profissionais e professores, o pressuposto foi confirmado: o twitter é a rede social que mais cresce atualmente.

“Achamos que haveria uma super inovação pelos profissionais, mas não houve. Não encontramos muitas inovações em diferentes redes. Muitos profissionais possuem Orkut, facebook, flickr (4), porém não são usadas como ferramenta profissional, apenas pessoal. Notamos que as empresas estão entrando somente agora no facebook, linkedin (5). Portanto, é o twitter que está fazendo mais sucesso ultimamente. Ele é a grande inovação”, conclui Thais Módolo.

*http://www.google.com/adplanner/static/top1000/

**http://www.cotidiano.ufsc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=468%3Aexpansao-das-redes-sociais&Itemid=58

*** Líder global no mercado de inteligência competitiva, Hitwise é um serviço usado por empresas do mundo inteiro para orientar as melhores decisões de negócios on-line (http://www.serasaexperian.com.br/hitwise/)

(1) Twitter: rede social e servidor para microblogging que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como “tweets”), por meio do website do serviço, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento. Fonte: Wikipedia

(2) Orkut: rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos. Fonte: Wikipedia

(3) Facebook: rede social lançada em 4 de fevereiro de 2004. Foi fundado por Mark Zuckerberg, um ex-estudante de Harvard. Inicialmente, a adesão ao Facebook era restrita apenas aos estudantes da Universidade Harvard. Desde 11 de setembro de 2006, apenas usuários com 13 anos de idade ou mais podem ingressar.Os usuários podem se juntar em uma ou mais redes, como um colégio, um local de trabalho ou uma região geográfica. Fonte: Wikipedia

(4) Flickr: site da web de hospedagem e partilha de imagens fotográficas (e eventualmente de outros tipos de documentos gráficos, como desenhos e ilustrações), caracterizado também como rede social. Fonte: Wikipedia

(5) LinkedIn: rede de negócios fundada em Dezembro de 2002 e lançada em Maio de 2003. É comparável a redes de relacionamentos e é principalmente utilizada por profissionais. Fonte: Wikipedia

Créditos da foto: Cláudia Yukari Hirafuji


A importância do mapeamento científico

outubro 4, 2010

Projeto analisa produção científica nacional no âmbito do ciberespaço e motores de busca

De acordo com a professora Nelma Araújo os motores de busca são rastreadores de informação e funcionam como garimpadores

Edição: Tatiane Hirata
Pauta: Laura Almeida
Reportagem: Deborah Vacari
“Ciberespaço é a relação das pessoas com os diversos meios eletrônicos”, explica a professora Nelma Camelo Araújo*, coordenadora do projeto “Produção Científica Nacional sobre Ciberespaço e Motores de busca”, que tem como objetivo mapear a produção científica nacional sobre a temática no período de 2000 a 2009. Esse estudo está vinculado a outro, denominado “Os mecanismos de busca: investigação das múltiplas sintaxes de organização e busca de informação e conhecimento”, coordenado pela professora Dra. Silvana Drumond Monteiro**. As pesquisas, que caracterizam o projeto como um trabalho científico, pertencem ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina.
O projeto sobre “produção científica” dá subsídio ao que investiga as “múltiplas sintaxes de organização” – explica a professora Nelma Araújo – “aquele tem como atribuição fazer o levantamento dos corpus teórico, quem são as pessoas que estão produzindo nessa área, grupos de pesquisa e também áreas do conhecimento que vem desenvolvendo esse trabalho”, acrescenta.
De acordo com a professora Nelma Araújo os motores de busca são rastreadores de informação e funcionam como garimpadores. “Estes estão sendo analisados em sua forma organizacional”, descreve.

Com o levantamento de informações já feito pelo projeto “produção científica” a professora Nelma Araújo destaca que “o tema motores de busca é mais estudado por pessoas que  têm vínculo com a área da computação, já o ciberespaço é mais estudado na área de comunicação, pelo fato de as pessoas trabalharem com as diversas mídias”.

A professora Nelma Araújo revela que estão em fase de conclusão as análises que responderão questões como “quais são os grupos de pesquisa que existem no Brasil, quais são as áreas que mais escrevem sobre esse assunto e quem são esses pesquisadores”. Com os dados obtidos, o passo seguinte será a produção de um artigo.
A produção nacional em ambas as áreas – ciberespaço e motores de busca –  segundo a coordenadora Nelma Araújo, é significativa. “As pessoas associam, no campo da comunicação, o ciberespaço à questão das mídias”. No âmbito dos motores de busca, Nelma Araújo ressalta que a produção já não é tão consistente, porque muda o contexto: “as pessoas da área de informática definem motores de busca como alimento fundamental para esses grandes agentes: Google e Yahoo”.
Para coleta de dados, foram feitas buscas no: Google, Google Escolar, Periódico Capes*** e, para reunir mais informações sobre os professores, buscou-se o Curriculum Lattes e, por consequência, os grupos de pesquisa. “Fomos nas bases direcionadas para a produção acadêmica de artigos de grupos de pesquisadores”, expõe a coordenadora Nelma Araújo.
Sobre o período escolhido para se fazer o estudo, que compreende de 2000 a 2009, a professora Nelma Araújo explica: “escolhemos essa época porque foi a do boom desses recursos no Brasil. Há, nesse período, uma disseminação muito grande de equipamentos”.
*Nelma Camelo Araújo possui graduação em Biblioteconomia (1990), especialização em Gestão Estratégica da Informação (2000) pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005).
** Silvana Drumond Monteiro possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina (1984), mestrado em Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1996) e  doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003)

***No Portal periódico.capes professores, pesquisadores, alunos e funcionários de 268 instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o país têm acesso imediato à produção científica mundial atualizada através deste serviço oferecido pela CAPES. Esse portal oferece acesso aos textos completos de artigos selecionados de mais de 15.475 revistas internacionais, nacionais e estrangeiras e 126 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento.

Crédito da imagem: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=635


Pesquisa objetiva desenvolver novos testes psicológicos

setembro 26, 2010

Projeto do Centro de Ciências Biológicas da UEL busca ampliar a variedade de testes para estudantes e idosos

Edição: Fernanda Cavassana
Pauta: Beatriz Pozzobon
Reportagem: Paola Moraes

Os primeiros indícios de construção de testes psicológicos datam em 1890 com o biólogo inglês Francis Galton que acreditava na avaliação da aptidão humana por meio de medidas sensoriais como o tato e o som. Desde então, esse recurso para avaliação de determinados comportamentos humanos passou por grandes aperfeiçoamentos e fases de popularização e esquecimento¹. Pesquisadora sobre o assunto, a professora Katya de Oliveira, graduada e mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco (USF) e doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), decidiu trabalhar nos estudos sobre essa forma de avaliação psicológica na Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Aliando suas duas áreas de estudo, Psicologia educacional e Psicometria, a doutora organizou o projeto de pesquisa denominado “Construção e validação de escalas e medidas psicológicas: focando a avaliação psicoeducacional e avaliação de idosos”. Tendo como objeto de estudo alunos de ensino regular infantil, fundamental, médio e superior e idosos asilares e não-asilares, o projeto pretende formular testes que avaliem atitudes de leitura, estratégias de aprendizado e motivação para ensino, condições de estudo e leitura para o primeiro grupo e qualidade de vida e comportamento autônomo e ajustamento afetivo e emocional para o segundo.

A doutora Katya de Oliveira explica como se dá o processo de construção de um teste psicológico. “Antes de tudo, é preciso pedir permissão ao Comitê de Ética para realizar a pesquisa, já que estamos trabalhando com seres humanos”. Com a permissão do Comitê, é necessário formular o teste com perguntas e opções de respostas objetivas. “Antes de fazer as coletas com os grupos pesquisados, é preciso enviar os testes e o referencial teórico da pesquisa um grupo de juízes, que são pessoas especialistas no assunto que estou abordando”, explica a pesquisadora. Esses juízes avaliam a validade de conteúdo do material criado. Para que os testes possam ser utilizados, cerca de 80% de suas perguntas devem ser consideradas boas pelos juízes.

Com os testes aprovados pelos juízes, é preciso fazer uma validação semântica com os itens a serem perguntados. A psicóloga expõe como ocorre essa etapa: “Eu seleciono 10% da minha amostra, ou seja, 10% do grupo que estou pesquisando e confiro se eles entendem o que estou perguntando. Se não, é necessário fazer mudanças na escrita da minha pergunta”. Com a avaliação positiva, os pesquisadores partem para a parte prática da pesquisa: a coleta, ou seja, a realização dos testes com os grupos escolhidos.

“Como os testes elaborados aqui são construídos com base em escalas e materiais já validados, como a escala Beck, fazemos a análise da coleta para descobrir se o teste nos levou ao que desejávamos”, analisa a doutora Katya de Oliveira. Contudo, o processo não termina aqui. É necessário refazer os testes depois de certo tempo com o mesmo grupo e obter respostas relativamente semelhantes para constatar a relevância e consistência dos resultados obtidos, sua fidedignidade.

O projeto de pesquisa que mantém ligações com instituições de Ensino Superior de São Paulo e Minas Gerais também pretende investigar as diferenças culturais entre a população analisada. “Quando queremos fazer uso de testes psicológicos estrangeiros, precisamos fazer uma validação cultural antes, dessa forma com o Brasil, que é um país tão amplo, também queremos checar as adaptações para cada estado”, explica a doutora. Com a conclusão da pesquisa, a pesquisadora afirma que os testes serão disponibilizados para os profissionais clínicos e estudiosos que os solicitarem e divulgados em periódicos científicos, artigos e congressos. “Não comercializaremos os testes, pois este não é nosso objetivo”.

Segundo a professora, a área de Avaliação e Testagem Psicológica tem sido esquecida e possui um atraso de cerca de 30 anos no Brasil. “Ao terminar a construção destes testes, iniciarei a construção de outro e depois outros. Precisamos de mais estudos e conquistas.”, constata. A doutora Katya de Oliveira ainda reforça: “Há muitos profissionais que excluem os testes por acharem que eles classificam as pessoas, quando, na verdade, os testes servem para encontrar pequenas evidências de um comportamento e auxiliar diagnósticos clínicos”.

¹ Informações retiradas do site http://www.algosobre.com.br/psicologia/os-testes-psicologicos-e-as-suas-praticas.html


Projeto estuda espécies de leguminosas que podem substituir os defensivos agrícolas sintéticos

setembro 26, 2010

“Os defensivos orgânicos são menos tóxicos e mais baratos” afirma a professora doutora Terezinha de Jesus Faria

Edição: Fernanda Cavassana
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Bruna Gonçalves

O projeto “O estudo de leguminosas visando o controle de parasitose animal e agrícola”, do departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL), estuda certas espécies de leguminosas e seus compostos químicos, com o objetivo de poderem substituir os defensivos agrícolas sintéticos.

A professora doutora Terezinha de Jesus Faria estuda três dessas espécies — Cássia leptophylla (Falso-barbatimão), Ingá marginata e Tipuana tipu (Amendoim-acácia), todas encontradas no próprio campus da UEL – com esse intuito. “Uma das vantagens é que eles se decompõem mais facilmente no ambiente e são menos tóxicas” afirma.

Dra Terezinha Faria é graduada em Farmácia Bioquímica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestra e doutora em Química pela mesma universidade e atualmente é docente da UEL. Realiza a pesquisa em parceria com professores das áreas de agronomia, biologia e veterinária.

“O estudo começou com os pesquisadores do departamento de Agronomia da UEL. Nós trabalhamos em colaboração, coletamos as plantas, preparamos os extratos. Além disso, dois professores de Agronomia fizeram os testes de inseticida e de alelopatia, que é para inibir a germinação de plantas daninhas” conta a professora doutora.

De acordo com a pesquisadora, os pesquisadores do departamento de Química procuram substâncias que possuam atividades fungicida, inseticida, alelopática e anti-helmíntico, tratar verminoses em ovinos. “Todas as plantas, em geral, produzem substâncias para defesa própria, contudo eles têm interesse nas leguminosas por causa dos taninos” afirma.

A professora conta que o problema com os defensivos sintéticos começa na aplicação, pois o trabalhador não possui a proteção necessária e se contamina. Além de contaminar rios, que espalham para cidades longe das culturas, mananciais e o próprio consumidor. Os pesquisadores do departamento de Química já realizaram o estudo químico preliminar da Cássia leptophylla, estão terminando tanto os testes biológicos como os estudos sobre os taninos. Estão no início do estudo químico da Ingá marginata e ainda não estudaram a Tipuana tipu.

“A primeira planta que a gente estudou foi a Cássia leptophylla e nela encontramos, na parte apolar, poucas substâncias e só estudamos essas substâncias por enquanto. Dentro das apolares, a gente encontrou a antraquinona, composto que tem bastante atividade, como contra bactérias, fungicida e anti-cancerígena. Agora, nosso interesse é estudar a parte polar, que são os taninos, mas ainda não temos resultados” explica a professora.

“Taninos são polímeros de compostos fenólicos condensados, a parte mais polar do extrato, são mais complicados de purificar e identificar, em comparação com as partes menos polares. Por causa disso, eles não eram estudados antigamente, mas, hoje, já é possível identificá-los e estamos estudando sua composição química” esclarece a Dra Terezinha Faria.

Ainda, segundo ela, os defensivos orgânicos são mais viáveis economicamente, o problema está na formulação, “nós descobrimos alguma substância que possui atividade, mas não conseguimos fazer a formulação para a aplicação”. A pesquisa exige muitas parcerias, há equipes nas áreas química, biológica e agrônoma, entretanto não há uma para a formulação.

“As culturas são muito atacadas por pragas e parasitas, o Brasil importa muito agrotóxico e há um gasto muito grande com isso, mas o maior problema é o ambiental. O objetivo final da pesquisa é conseguir um defensivo menos tóxico e mais barato” conclui Terezinha de Jesus Faria.

Os estudos sobre a Cássia leptophylla estão previstos para finalizar ainda esse ano. Já a Ingá marginata, a previsão é para o meio de 2011.


Dificuldades de aquisição do português é tema de pesquisa

setembro 26, 2010

Projeto de pesquisa do Departamento de Letras Vernáculas quer transformar o modo de ensino da Língua Portuguesa nas escolas públicas

Edição: Fernanda Cavassana
Pauta: Edson Vitoretti
Reportagem: Amanda Vaz Tostes

O projeto “Dificuldades de aquisição do português padrão culto pelos alunos de escola pública” quer deixar claro que existem regras tanto na fala quanto na escrita e que elas são compartilhadas para que a comunicação seja possível. “A nossa preocupação não é propriamente focalizar o estudo dessas regras, mas observar como os alunos se relacionam com elas e quais as dificuldades que eles encontram para transportá-las para o texto escrito.”, declarou o coordenador Wagner Ferreira de Lima. Graduado, mestre e doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), atualmente Wagner Lima é professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Segundo o professor, é na modalidade escrita que as normas gramaticais são mais importantes, já que conferem objetividade na exposição de idéias. Ele esclareceu que o texto escrito supõe condições de produção diferentes daquelas do texto oral. As idéias têm de ser bem estruturadas e claras. A gramática é então um instrumento para atender a essas exigências: expor e articular melhor as informações.

“Embora as regras na fala proporcionem clareza na comunicação entre os indivíduos, o uso do português padrão nessa modalidade não é tão importante porque ela está num processo natural de variação.”, comentou. Na escrita, as normas são mais conservadoras. Na oralidade, há maiores dinâmica e velocidade no processo de transformação. O doutor Wagner Lima lembrou que um dos agravantes da dificuldade do aprendizado da norma culta é que hoje no Brasil as modalidades escrita e falada são muito distintas. “Para transferir as informações da expressão verbal para a escrita, o conhecimento da norma gramatical é essencial.”, justificou. Algumas regras acabam desaparecendo com o tempo: como pontuação, uso adequado das regências verbal e nominal e concordâncias nominal e verbal, que ficam evidentes nos textos da amostragem. São reflexos da linguagem adotada na oralidade.

Para identificar as dificuldades dos estudantes, o grupo de pesquisadores aplicou uma avaliação chamada por eles de ‘teste de consciência linguística’ numa turma de oitava série de uma escola pública. O teste consistia na produção de uma redação por uma turma de oitava série e de uma versão gramaticalmente correta pelos pesquisadores que foi entregue aos estudantes que formam a amostragem da pesquisa. Os adolescentes deveriam apontar as diferenças entre os dois textos. De acordo com o professor Wagner Lima, a maioria deles apenas transpõe a fala para a escrita. E , em geral, os estudantes somente identificam as diferenças de vocábulo e encontram dificuldade em diferenciar o estilo aplicado no texto (norma culta ou coloquial) e em perceber como estão organizadas as informações (nível gramatical). “Percebem qual dos dois textos ficou mais claro, mas se identificam com o mais informal.”, destacou.

Além de transformar o ensino da gramática em algo mais instigante para os estudantes, o projeto pretende fazer com que eles adquiram uma consciência linguística mais ampla, explicou o coordenador do projeto. O estudo trabalhado com os adolescentes é de sintaxe, que diz respeito à organização das frases em textos. Wagner Ferreira ainda esclarece que o grupo não tem como objetivo que os estudantes tenham uma consciência metalingüística, sendo capazes de analisar as frases e nomear as estruturas; mas sim fazê-los apontar no texto que escreveram onde estão os erros e quais seriam as possibilidades de resolver esses problemas.

De acordo com o doutor Wagner Lima, a aprendizagem dos estudantes também é influenciada pelo histórico escolar: “Quando o aluno vem de uma sucessão de fracassos, fica mais difícil.” O projeto, portanto, trabalha com a afetividade dos adolescentes. “O projeto não tem só interesse técnico. Temos que trabalhar um pouco com a psicologia do aluno e não tem como não fazer isso. Essa geração nasceu dentro desse paradigma de valorização das imagens e, com isso, a aprendizagem da produção de textos escritos fica comprometida.  A imagem transmite informações muito rapidamente, fazendo com que ocorra uma perda no estímulo para ler e escrever.”, explicou o professor.

O grupo notou que a impetuosidade própria do adolescente causa desinteresse nas aulas expositivas das regras gramaticais pela abordagem tradicional e que trazer a realidade deles para a sala de aula os motiva a escrever. Concluiu-se que, para isso, atividades lúdicas poderiam ser implantadas. Elas enredariam os problemas pessoais dos adolescentes e contribuiriam para extravasar toda a necessidade deles de opinar sobre o mundo e de fazer uma auto-afirmação, características da idade.

O coordenador acredita que uma alternativa para melhorar a produção dos textos desses adolescentes seja o incentivo a assistir programas com legenda. E o grupo adotou a construção de um jornal mural como outra resposta a essa questão. O doutor Wagner Lima contou que eles têm assunto para escrever: “Na maior parte das vezes, as sugestões de temas partem dos próprios alunos. Saúde, esportes e celebridades, entre outros assuntos, empolgam os garotos, que começam a exercitar a escrita.”.

Os trabalhos são corrigidos e devolvidos aos seus produtores, que são orientados com possíveis maneiras de aprimorar as redações. Os estudantes aprendem a prestar mais atenção àquilo que escrevem. O que agora é feito de forma instintiva, irá se tornar uma atividade mais planejada. No jornal, há um cuidado com a estética dos textos que, segundo o professor, cria uma competitividade saudável entre os grupos de redatores.


Projeto avalia qualidade dos cafés comercializados

setembro 14, 2010

Pesquisa destaca quais são as impurezas e qual a porcentagem existente nos cafés torrados e moídos que estão no mercado

O projeto tem o objetivo de avaliar o teor de impurezas encontrado no pó de café

Edição: Tatiane Hirata
Pauta e Reportagem: Rosana Reineri Unfried

Desde 1989, a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café). vem atestando a pureza dos cafés colocados no mercado com um selo impresso no rótulo do produto. No entanto, segundo a professora e pesquisadora do departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina, Dra. Suzana Nixdorf, apesar desse cenário ter mudado muito desde então, ainda não atingiu um nível satisfatório. A professora explica que ainda não existe uma metodologia no mercado capaz de avaliar com precisão quais são as impurezas presentes no café e qual a sua porcentagem.

Com objetivo de avaliar esse teor de impurezas e suas quantidades, foi criado o projeto “Quantidade de Amostras de Café Torrado Comerciais Avaliadas Empregando os Teores de Carboidratos”, coordenado pela professora Dra. Suzana Nixdorf, que possui graduação e especialização em Química pela UEL, mestrado em Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), doutorado em Química (Físico-Química) pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado também em Química pela Universidade de Castilla La Mancha/Espanha.

O projeto conta com a colaboração de estudantes da UEL: Francys William Massura, graduando em Química, que atua em projetos do Laboratório de Desenvolvimento de Instrumentação e Automação Analítica (Laboratório DIA) e é bolsista de iniciação científica pela CNPq; Elis Daiane Pauli, Bacharel em Química pela UEL e mestranda em Química dos Recursos Naturais; e Julia Estéfane Martins de Abreu, também graduanda em Química.

A coordenadora Suzana Nixdorf explica que obteve as amostras de café torrado e moído avaliadas junto à ABIC e que nelas foram encontradas concentrações de centeio, café, soja, triticale, milho, trigo entre outros, considerados impurezas, uma vez que não são café e estão sendo comercializados como tal. A análise de pureza, segundo a professora, é feita por meio de cromatografia líquida de troca aniônica de alta eficiência (HPLC – HPAE) acoplada à detecção pulso amperométrica, método em que, segundo ela, se faz uma espécie de impressão digital de cada matriz (milho, café, trigo, etc.), de acordo com a quantidade de açúcares (carboidratos) que cada uma possui. A doutora acrescenta que quando se compara o gráfico das amostras com o do café puro é possível saber qual a impureza presente e qual a sua quantidade, de acordo com a variação de manitol, arabinose, glicose, frutose, xilose, galactose e manose existente no gráfico . “O milho e o trigo, por exemplo, possuem alto teor de glicose. Então, se fizermos uma amostra em que a glicose se sobressai em comparação com o gráfico em que existe café puro, podemos concluir que existe milho ou trigo no meio daquele café analisado. A partir daí, a pesquisa se concentra nas porcentagens. Dependendo da análise desses gráficos, pode-se concluir o que está interferindo na qualidade do café e qual é a sua porcentagem”, acrescenta.

Dra Suzana Nixdorf conta que a ABIC tem muito interesse em que essa metodologia seja realmente eficaz, pois isso vai ajudar na fiscalização e na melhoria da qualidade do café que chega à mesa do consumidor. A coordenadora acrescenta ainda que a população tem uma parcela de culpa neste processo, uma vez que está mais interessada em preço do que em qualidade, o que estimula o comércio de café de qualidade duvidosa. Porém, ela afirma acreditar que, depois que for implementada essa metodologia, capaz de identificar as impurezas e suas concentrações, “as empresas pensarão duas vezes antes de se arriscar em fazer a adulteração”.

A professora Dra. Suzana Nixdorf destaca que o malefício que a adulteração do café pode trazer ao consumidor, além do fato de o sabor da bebida com impurezas ser diferente do sabor dela pura, é o fato de que o consumidor está sendo lesado. “O café puro possui diversos benefícios. Quando se consome um café adulterado, deixa-se de ter acesso a esses benefícios. O café adulterado não chega a fazer mal, mas a pior coisa é ser enganado”, conclui.


Departamento de Ciência da Informação da UEL publica E-Book

setembro 14, 2010

A obra apresenta resultados de pesquisas desenvolvidas no departamento e artigos de pesquisadores convidados

Capa do E-Book "Produção Intelectual no Ambiente Acadêmico", organizado por Renata Goncalves Curty

Edição: Tatiane Hirata
Pauta: Laura Almeida
Reportagem: Cláudia Yukari Hirafuji

“Produção Intelectual no Ambiente Acadêmico”(1) é o título do e-book (livro eletrônico) organizado pela professora Renata Gonçalves Curty do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), graduada em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). De acordo com a organizadora, além de pesquisadores, docentes e discentes da área de Ciência da Informação, a obra tem como público alvo os profissionais de outras áreas do conhecimento, que por ventura tenham interesse pela temática da produção científica: “Afinal, todos do meio acadêmico estamos sujeitos às regras de avaliação da CAPES e das agências nacionais”.
 
A obra, de 142 páginas, lançada pelo Departamento de Ciência da Informação da UEL em junho de 2010, é composta por seis capítulos que estão distribuídos em duas seções. A primeira, “Reflexões acerca da produção intelectual no ambiente acadêmico”, abriga os capítulos 1, 2 e 3,  dos autores convidados: Geraldina Porto Witter (2), Maria das Graças Targino (3), Joana Coeli Ribeiro Garcia (4) e Roberto Natal Silva Saorim (5). Esses pesquisadores abordam assuntos relacionados à ética em pesquisas e nas relações entre pesquisadores e gestores, produção na esfera acadêmica e o sistema nacional para avaliação da pós-graduação.

Na segunda seção do e-book, “Cenários da produção intelectual na Universidade de Londrina”, em que se encontram os capítulos 4, 5 e 6, são apresentados resultados de pesquisas desenvolvidas por docentes e discentes do Departamento de Ciência da Informação da UEL, como parte do projeto maior “Gestão da Produção Intelectual” que teve início em 2007 e durou três anos . “Sobre os subprojetos da “Gestão da Producão Intelectual”, cada um tem uma meta para atingir, tivemos alguns mais extensos e outros mais pontuais. Nem todos os subprojetos entraram com capítulos, porque dependiam da coerência com a discussão do tema central, sobre o levantamento da produção acadêmica”, explica a professora Renata Curty. Estes capítulos da segunda seção apresentam também um levantamento da produção científica, tecnológica, artística e cultural da UEL em algumas áreas do conhecimento.

Em relação aos fatores que a levaram a escolher o veículo de publicação do trabalho, a organizadora afirma: “por que fazer no ambiente on-line? Porque o alcance é maior, mais ágil e, de certo modo, porque estávamos trabalhando muito a filosofia do acesso livre, que é uma tendência na questão do mercado de informação, não só na parte mercadológica, mas também na parte científica. E assim pensamos no e-book. E eu me responsabilizei, fui organizadora. Resolvi trabalhar não apenas com os subprojetos, mas estender para outros pesquisadores que falam em nível mais teórico sobre produção cientifica. Como organizadora de um livro, não importa se é um livro convencional ou um e-book, tem que fazer todo um acompanhamento editorial e mediação”, acrescenta. 

A obra está disponível na web, mas passou por todo o processo tradicional de um livro editorial. “A editora da UEL nos deu todo o suporte com a questão da arte. Entretanto, eles não possuem uma política institucional com relação a livros eletrônicos e, por isso, não obtiveram a chancela editorial, embora tenhamos trabalhado em parceria. Futuramente, é bem possível que a EDUEL acompanhe essa tendência, assim como outras universidades”, afirma a professora Renata Curty.

“Quando pensamos o e-book, não consideramos o interesse monetário, mas o alcance que esse meio proporcionaria”, afirma a professora. “Ainda hoje,  pretendo registrar o livro no Google books para leitura na íntegra, é um serviço que terá um alcance maior ainda. O que nós procuramos é divulgar a universidade, o departamento e compartilhar com a comunidade científica as nossas pesquisas”, comenta. De acordo com Renata Curty, há projetos em andamento para outros e-books.

(1) O e-book está disponível para consulta e download pelo site do Mestrado Profissional em Gestão da Informação (MPGI) http://www.uel.br/pos/mestradoinformacao/pages/e-book.php
 
(2) Geraldina Porto Witter possui graduação em Pedagogia Licenciatura e Bacharelado pela Universidade de São Paulo, especialização em Psicologia Educacional pela Universidade de São Paulo, doutorado em Psicologia Educacional pela Universidade de São Paulo.
(3) Maria das Graças Targino possui doutorado em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília, pós-doutorado junto ao Instituto Interuniversitario de Iberoamérica da Universidad de Salamanca, e Máster Internacional en Comunicación y Educación Universidad Autónoma de Barcelona, (Espanha).
(4) Joana Coeli Ribeiro Garcia possui doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro / Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
(5) Roberto Natal Silva Saorim é mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba e especialista em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica. Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Paulistano, licenciatura Plena em Psicologia pelo Centro Universitário Paulistano, formação de Psicólogo pelo Centro Universitário Paulistano. Também é Bacharel em Ciências Sociais e Políticas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, e possui formação pedagógica – licenciatura plena em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Crédito da foto: http://www.uel.br/pos/mestradoinformacao/pages/e-book.php (capa do
E-Book)

A importância da atividade física para jovens cegos

setembro 14, 2010

Estudo analisa jovens com deficiência visual e busca alertar e direcionar pais e professores

A professora Dra. Márcia Greguol, que coordena o projeto

Edição: Tatiane Hirata
Pauta e Reportagem: Deborah Vacari

Coordenado pela professora doutora Márcia Greguol* – graduada em Esporte pela Universidade de São Paulo, mestre e doutora pela Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo –, o projeto “Análise longitudinal da aptidão física voltada à saúde de adolescentes cegos no município de Londrina”, do Departamento de Ciências do Esporte da Universidade Estadual de Londrina, tem o intuito de obter informações a respeito do condicionamento físico de jovens cegos no município de Londrina. O estudo é desenvolvido no Instituto Londrinense de Instrução e Trabalho para Cegos (ILITC) e na Escola Estadual Hugo Simas, juntamente com dois professores doutores colaboradores: Abdallah Achour Junior** e Rosangela Marques Busto*** e a discente Bruna Barboza Seron.

“Os quatro componentes considerados da aptidão física voltada à saúde para evitar, no futuro, doenças hipocinéticas – doenças provocadas pela falta ou pela redução da quantidade de movimento – são a resistência cardiorrespiratória, composição corporal, resistência muscular localizada e a flexibilidade”, ressalta a professora. Ela explica que a análise desses componentes, no início, estava sendo feita com 20 estudantes adolescentes do sexo masculino que possuem idades entre 10 e 16 anos. Hoje, são 18 os avaliados.

De acordo com a doutora Márcia Greguol, os adolescentes com deficiência têm uma maior tendência ao sedentarismo pela falta de estímulo e até pelo desconhecimento dos pais de que esse jovem pode praticar atividade física. “Esses jovens tendem a uma passividade motora causada, muitas vezes, pela insegurança de sair de casa. E os pais, em alguns casos, não sabem que o filho pode fazer exercício ou esporte, até pela, pouca divulgação na mídia”, afirma.

Os resultados obtidos são comparados com o ideal para alertar e direcionar pais e professores, afirma a coordenadora do projeto. “O IMC (índice de massa corporal) ideal, por exemplo, é comparado ao resultado do jovem. Mostramos, então, essa diferença, ressaltando qual a flexibilidade que ele deveria ter. Passamos esses resultados para os pais e para o professor de educação física para, realmente, alertá-los”. A esse exemplo, segundo a doutora, uma das capacidades que teve mais prejuízo, além da resistência cardiorrespiratória foi a flexibilidade pela tendência dos deficientes visuais andarem rígidos, o que pode causar uma série de problemas posturais no futuro, sendo assim, esse jovem deve buscar um programa para desenvolver essas capacidades.

A coordenadora Márcia Greguol destaca que o projeto foi apresentado em congresso. O resultado parcial foi publicado como forma de artigo e esses estudos tornaram-se, também, capítulos de livros. Existe ainda expectativa de que o estudo seja apresentado no Congresso Brasileiro de Atividade Motora Adaptada – organizado pela Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada – e no Congresso Latino Americano de Pediatria. A professora destaca a importância de levar os conceitos do projeto não somente para congressos correlacionados com o tema, para que haja, assim, maior integração entre outras áreas.

Márcia Greguol conta que o projeto motivou outro maior que terá início em 2011, no qual serão avaliadas, entre pessoas com deficiência, quais são as barreiras percebidas para se praticar exercícios. “As barreiras existentes não são só arquitetônicas, mas também pessoais. Serão também comparadas as realidades das regiões norte e sul do país”, conclui.

 *Márcia Greguol possui livros publicados na área de atividade física adaptada são eles: “Atividade Física Adaptada – qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais” (2005) e o mais recente “Natação adaptada: em busca do movimento com autonomia” (2010), ambos publicados pela Editora Manole

** Possui graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina, mestrado também nessa área pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutorado pela Universidade de São Paulo.

*** Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina, especialista em Educação Especial pela Universidade Estadual de Londrina é mestre em Educação Estudios Avanzados pela Universidad de Extremadura e, pela mesma universidade, doutora em Ciências da Educação.

 
Créditos da foto: Arquivo Conexão/Renan Cunha

Imagens, corpo e mente

setembro 6, 2010

Norval Baitello Jr. demonstra, em palestra na UEL, algumas das faces e efeitos do mundo imagético

O Prof. Dr. Norval Baitello Jr. durante a palestra

Edição e pauta: Beto Carlomagno
Reportagem: Marcia Boroski

Espirituosa, inspiradora e enfática. Os temas abordados por Norval Baitello Júnior foram mais que pertinentes à atualidade. De passagem pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), como convidado de uma banca de mestrado orientada pelo professor da Universidade Alberto Kelin, no último dia 20, Norval Baitello Jr., doutor em Comunicação pela Freie Universität Berlin (Alemanha), ministrou uma palestra nas dependências do Centro de Edudação, Comunicação e Artes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em que a imagem foi amplamente discutida. Além da imagem em si, o termo iconofagia também foi debatido.

Norval Baitello Jr. é especialista em semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor convidado das universidades de Viena, Sevilla, São Petesburgo e autônoma de Barcelona. O currículo extenso deu ao pesquisador sustentação suficiente para criar conceitos e, a partir deles, alertar as pessoas sobre os riscos do mundo imagético. “Não podemos nos confundir com imagens. É necessário ficar vigilante o tempo todo. O corpo dá sinais de que está sendo sucumbido às imagens e nós devemos ficar atentos. Tudo o que seda e imobiliza o corpo deve ser revisto”, atenta o professor doutor.

O estudo de Norval Baitello gira em torno do termo iconofagia e, conseqüentemente de imagens. Iconofagia é o ato de devorar ou de ser devorado por imagens. Segundo o pesquisador, a inspiração para a palavra veio do movimento cultural dos anos 20, o movimento de antropogafia. “Na era da imagem não existe antropofagia de conceitos ou de cultura, como naquela época. Existe uma antropofagia de imagens que levam ao termo iconofagia. Nós somos devorados por imagens e as imagens nos transformam em imagens e nos devoram”, explica Norval Baitello.

Dentro desse conceito, é possível identificar que estamos vivendo na Era da Iconofagia. “A partir de tudo o que se vê hoje, de como as pessoas se deixam hipnotizar pela TV, constatamos a vigência desta Era. Hoje, não existe nenhum bar ou restaurante que não possua uma televisão. Ou seja, até as nossas refeições estão sendo afetadas pelas imagens”, afirma Baitello.

Pode-se dizer que a Era da Iconofagia (também chamada de Era da Imagens) se manifesta de diversas maneiras. Norval Baitello compara o surgimento das imagens a rastros. Estes rastros seriam a forma de fugir da consciência da morte, mas também, o meio de conhecê-la. “Viver é deixar rastros. É a partir destes rastros que nós organizamos o tempo e o espaço que ocupamos. É inevitável”, demonstra o doutor.

Quando o homem passa a dominar a arte de deixar rastros, e também começa a desenvolver técnicas, ele está tornando o ato de deixar rastros algo intencional. “É uma forma de apropriar-se do futuro. Deixando marcas agora, seremos lembrados no depois, essa é a fuga da morte”, explica Baitello. O conhecimento da morte também se dá por estas marcas deixadas. “Uma fotografia tirada há 15 anos vai mostrar como envelhecemos e comprovar a aproximação da chegada da morte”, conclui.

A Era da Iconofagia acarretou conseqüências como a transposição do olhar para a frontalidade. “Antigamente, quando estávamos pendurados em árvores, olhávamos tudo que estava ao nosso redor. Hoje, olhamos exclusivamente para frente, onde está a tela”. Esse olhar se dá, geralmente, quando estamos sentados. Norval vê esse ato como algo perigoso. “A palavra sentar, vem do latim e tem dois significados. O ato real de sentar e também, sedar. Ao sentarmos na frente de uma ‘tela vazia’, estamos sedados. Visto que milhares de pessoas no mundo passam horas nesta posição, é algo que devemos nos preocupar”, alerta o pesquisador.

A pesquisa de Baitello está avançada, mas segundo o ele, novas facetas e conceitos de comunicação devem ser estudados. Para os próximos trabalhos, o professor buscou orientações na cultura japonesa. Segundo ele, eles veem a comunicação e, principalmente, a imagem, de uma forma inovadora para o pensamento ocidental. “Uma imagem não é um objeto inanimado. É uma coisa viva, que gera energia, como um dínamo. Acho que devemos seguir por estes caminhos, buscando novos referenciais, para continuar investigando a Era da Iconofagia”, afirma Norval Baitello.

Serviço
Outros conceitos e ideias do autor podem ser conhecidas por meio dos livros já publicados. Os principais conceitos proferidos na palestras estão nos livros A Era da Iconofagia (2005) e A Serpente, a Maçã e o Holograma (2010).